sábado, 29 de agosto de 2015

Jogos Perigosos - Mini-Documentário Sobre Night Trap

Lançado em 1992 para o Sega CD, Night Trap é considerado um dos principais responsáveis pela criação da ESRB, o sistema de classificação etária para jogos dos EUA. Assim como Mortal Kombat, Doom e alguns outros títulos, o jogo foi severamente perseguido pelos "guardiões morais" do país, que o acusavam de incitar a violência contra mulheres. Embora aqui no Brasil Night Trap seja pouco conhecido, graças à quase inexistência do Sega CD por essas bandas (e as outras plataformas para as quais ele saiu depois, o 32X e o 3DO), na verdade ele foi ainda mais crucificado que Mortal Kombat, porque o seu gráfico "realista" (leia-se: FMV) criava "um novo nível de violência jamais visto antes nos video games", segundo a mídia americana. Nem vou entrar no mérito da hipocrisia colossal envolvendo a polêmica, mas é válido ressaltar que Night Trap foi uma vítima injusta, já que o jogo não tem absolutamente nada do que diziam. A trama era que cinco garotas iam passar um fim de semana na casa de uma amiga, mas um outro grupo de mulheres desapareceu lá. O jogador, membro de uma equipe de investigação, tem acesso a uma série de câmeras espalhadas pela casa e, através dela, deve desvendar o mistério e salvar as garotas. Os vilões são os "Augs", uma espécie de vampiro decadente e extremamente tosco, que você pode prender usando as armadilhas da casa. Não havia sangue, não havia violência (as armadilhas consistiam basicamente de buracos no chão, escadas escorregadias e estantes giratórias) e muito menos sexo. A grande polêmica se deu por causa de uma cena em que a personagem Lisa é atacada no banheiro enquanto usa uma camisola. Claro que os desinformados acusadores esqueceram de reparar que a tal peça de roupa não deixa nada à mostra, e que o objetivo do jogador é salvar a pobre moça, e não matá-la como diziam. Sem contar que, mesmo que você falhasse, tudo que acontecia é que colocavam um objeto obviamente de plástico em volta do pescoço dela e a arrastavam para fora da tela, e você levava game over na hora. Então... É, foi um período triste, provavelmente o ápice do histórico de perseguição aos video games encabeçada pela mídia tradicional. Enfim, como resultado, a ESRB foi criada, Night Trap vendeu muito mais do que devia (já que, não fosse a polêmica, ninguém nem ia dar bola pro jogo, que era bem passável) e, em 1995, ganhou uma versão para DOS que vinha com um mini-documentário sobre a confusão. Intitulado "Jogos Perigosos", ele apresenta um breve sumário dos acontecimentos, depoimentos dos criadores, das atrizes e algumas cenas verdadeiramente chocantes do processo de julgamento do caso. Chocantes por dois motivos: primeiro pelo congresso americano ser tão desocupado a ponto de parar tudo pra falar mal de um jogo de video game, e segundo pela maneira nada imparcial como a coisa foi conduzida. Enfim, assistam e divirtam-se ou revoltem-se. Até a próxima.

Jogos Perigosos

Download: Aqui

Comente com o Facebook:

13 comentários:

  1. Tanta perseguição e censura injustamente no passado para chegar hoje em dia onde tem sexo e violência pacas em jogos como god of war, mass effect, assassins creed etc... cadê o moralismo da indústria e pessoas contra esses jogos? jogos que praticamente acabaram com o mercado dos games, pois graças ao superestimado AAA, geração gráficos/jogos dos adultos (de 15 anos) que várias produtoras fecharam, pois se um jogo não for ao jeito desses títulos ningúem vai comprar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tem um senador americano que fica inventando leis e proibindo jogos. Mas as empresas sempre recorrem e vencem. Não lembro o nome mas fala bastante dele naqueles vídeos que o Mangekyou legendou sobre a história da Rockstar Games.

      Lembre-se também que muitos jogos foram proibidos e continuam circulando ilegalmente, inclusive no Brasil. Tal como CS e Bully.

      Em outros países como Austrália e Nova Zelândia, determinadas partes dos jogos são censuradas ou os modelos são trocados por menos ofensivo, como Carmageddon e South Park.

      Mas a melhor de todas é que proibiram Minecraft em todos os países situados na Arábia Saudita por excesso de violência.

      Excluir
    2. CS já não é proibido. Bully continua sendo.

      Excluir
  2. Cara, você poderia legendar os episódios do Son of a Glitch? Está nesse canal: https://www.youtube.com/channel/UCcIe-_Hqzb3mAZyKEy1amDw

    Seu trabalho é muito bom, já assisti vários vídeos seus. Continue, pois tem um público fiel. Abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não conhecia, mas assisti alguns aqui e achei bem interessante. No momento não tenho como pegar nada novo, mas quem sabe no futuro? Vai ficar na lista aqui. Obrigado pela dica.

      Excluir
  3. kkkkkkkkk foi inútil essa perseguição aos jogos no passado, hoje dia se não tiver sexo e sangue nos jogos ninguém vai comprar. Quanto ao amigão acima pare de mimimi, esses jogos salvarão os games de um lixo de criança chamado NINTENDO E SEGA. Morte as empresas de criança e apoio o Mangekyou na luta contra o imperialismo americano.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Vish, quem tá de mimimi agora? Você se diz contra o imperialismo, mas diz coisas como: "hoje dia se não tiver sexo e sangue nos jogos ninguém vai comprar', "esses jogos salvarão os games de um LIXO DE CRIANÇA chamado NINTENDO E SEGA' e "Morte as empresas de criança". Quem é o imperialista agora? '-'

      Excluir
    2. O comentário do amigo acima foi tão infeliz quanto a perseguição que esses jogos sofreram. Naquela época, queriam obrigar as empresas a só fazer jogos infantis, enquanto por esse comentário, você parece querer obrigá-las a só fazer jogos adultos. Eu, particularmente, acho mais saudável que cada um tenha a liberdade de fazer e jogar o que achar mais conveniente, tenha a pessoa 5, 10, 20, 50 ou 80 anos. Video games são uma forma de entretenimento que move milhões, já passou da hora de deixarmos essas mentalidades atrasadas de lado.

      Excluir
    3. Ainda mais que hoje em dia tem muito mais gente que joga videogame hoje do que antigamente, a classificação indicativa é muito importante por que o leque de jogos é muito maior hoje do que há 20 anos atrás.

      Excluir
  4. Eu sinceramente sou a favor da classificação etária para os games; é o divisor de águas na história dos videogames, a prova de que os games não são mais um mero brinquedo, como se pensava antigamente (e como, na verdade, muita gente ainda pensa...), e já são reconhecidos como uma mídia, tal como o cinema e a imprensa. A única ressalva é que tenha sido criada por causa de algo tão idiota quanto foi essa polêmica em cima do Night Trap (embora, verdade seja dita, games como Mortal Kombat e outros lançados na época também tenham contribuído). Achei engraçado a descrição da testemunha sobre o comportamento do senador, é o típico "eu tô certo, você está errado e cale a boca!" que muitos "moralistas" tentam nos impor. Eu queria ver esses moralistas diante de games como o já citado God of War, Grand Theft Auto, Rapelay e muitos outros e dizer pra eles: "Obrigado, caras! Foi graças a vocês, a seu moralismo fajuto e insistência em ver cabelo em cabeça de ovo que existe a classificação etária que PERMITE que as empresas façam esses jogos, desde que tenha o aviso 'somente para adultos' (e que NINGUÉM respeita na hora de comprar , dar de presente ou piratear). Vocês tornaram a mídia do videogame algo forte, a ponto de hoje em dia competir até mesmo com o cinema e permitir que sejam feitos desde os jogos infantis que vocês tanto queriam quanto os games violentos e/ou eróticos que tanto amamos! Palmas pra vocês!"

    ResponderExcluir
  5. Nunca vi a área de comentários tão animada... kkk

    ResponderExcluir
  6. Sendo honesto, achei que a ESRB foi criada pelas próprias empresas .w.
    Valeu Mangekyou, sem você eu jamais descobriria mais e mais sobre a mídia que tanto amo!

    ResponderExcluir